Encerramento do projeto PAS junta atores do desenvolvimento são-tomenses

Encerramento do projeto PAS junta atores do desenvolvimento são-tomenses

Carlos Tavares, presidente e coordenador local da ADAPPA, parceiro são-tomense do PAS – Políticas Agroalimentares Sustentáveis, referia na abertura do jantar de encerramento do projeto, no restaurante Lugesmar (em Boa Morte), no dia 28 de fevereiro, o qual contou com 10 participantes, que “nós, felizmente, com uma task force, com o apoio de todos vós, conseguimos fechar o projeto”, depois de ter aludido às dificuldades causadas pela pandemia de COVID-19 e, mais tarde, pelos efeitos da guerra na Ucrânia.

Sendo um projeto cujos dois principais pilares assentaram na área da promoção de políticas públicas que tivessem em linha de conta a agroecologia, a agricultura familiar, o direito das mulheres rurais, o direito humano à alimentação adequada e a candidatura do cacau agroflorestal são-tomense ao SIPAM – Sistemas Importantes de Património Agrícola Mundial (gerido pela FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), “onde fomos chamando pessoas para participar em vários eventos”, como disse Carlos Tavares, “mas agora temos um terceiro resultado que é a questão das microiniciativas, e nas avaliações que estamos a fazer, já há uma avaliação interna, e estamos a ver que há projetos bastante pertinentes e de sucesso e, se tivermos um PAS-STP II, achamos que as pessoas e os projetos bastante pertinentes deverão ser apoiados e se calhar outros novos”.

Muitos dos presentes aderiram ao projeto desde o primeiro minuto, “foram pessoas de alta entrega perante a causa própria do projeto”, como disse o presidente da ADAPPA, “daí o nosso agradecimento a cada um de vós por esta colaboração estreita com o projeto”.

Segundo Carlos Tavares, “hoje temos uma sede da ADAPPA, um centro de recursos apetrechado, temos painéis solares [energia fotovoltaica com 10 painéis solares e baterias], temos as microiniciativas a dar frutos, temos quatro estudos, achamos que foi um projeto que contribuiu para o engrandecimento da temática da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) em São Tomé e Príncipe.

Nas palavras de saudação aos convidados, João Monteiro, coordenador de projetos do IMVF, explica que a sua presença se deve às entidades ou funções desempenhadas no período de execução do projeto, quer na qualidade de colaboradores ou membros da ONG são-tomense ADAPPA, parceiro do projeto, quer na qualidade de representantes de entidades associadas à RESCSAN-STP – Rede da Sociedade Civil para a Segurança Alimentar e Nutricional em São Tomé e Príncipe, quer na representação do CONSAN-STP – O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional de São Tome & Príncipe, quer na ligação ao Ministério de Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pesca, na pessoa do ex-Ministro Eng.º Francisco Ramos presente no encerramento.

João Monteiro explica a ligação dos dois pilares do projeto à RESCSAN-STP, “a mobilização da sociedade civil”, e “a ligação aos estudos”, “a participação em políticas públicas”, “a ligação ao CONSAN-STP”. E “faltava um terceiro” pilar, que era “o apoio à economia real, à agricultura real, com as microiniciativas, e foram 13 projetos, dos quais a maioria com sucesso razoável atendendo à dimensão [do apoio entre 7 a 10 mil euros por projeto em fundos de arranque]”.

O coordenador de projetos do IMVF contou que “uma das produtoras de galinhas [poedeiras] tem uma pastelaria e esgota a sua produção diária de 60 ovos”, entre o consumo para uso na pastelaria (fabrico de bolos e doces) e a venda de ovos no mercado. Alude depois a 3-4 projetos que considera terem bom retorno para as empreendedoras e empreendedores apoiados. Termina, dizendo “que mais que uma despedida, o IMVF prossegue disponível para contribuir para o desenvolvimento sustentável de São Tomé e Príncipe”.

O Eng.º Francisco Ramos, ex-Ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pesca, nos anos de novembro de 2018 a novembro de 2022, o qual acompanhou de perto o projeto PAS – Políticas Agroalimentares Sustentáveis, no exercício das funções, designadamente, também como vice-presidente do CONSAN-STP (órgão presidido pelo Primeiro-Ministro), referiu que “São Tomé e Príncipe precisa de financiamento”, mas é “preciso sabermos angariar os parceiros com ações concretas, onde há um impacto positivo, se assim for vamos ter esperança que vai haver um PAS-STP II”.

O ex-Ministro prossegue dizendo que “temos de fazer outra coisa – responsabilizar”, prossegue dizendo “se nos conseguirmos responsabilizar (…), se conseguirmos fazer isso, haverá uma garantia para toda a gente que trabalha no projeto, e mesmo aqueles que não trabalharam no projeto, as pessoas que foram beneficiadas pelo projeto, mesmo aquelas que não foram beneficiadas pelo projeto para serem beneficiadas numa outra oportunidade”. Depois para explicar melhor a sua ideia, acrescenta “não vão empurrar o carro toda a subida! Dão ao carro uma energia para que o motor dê o arranque e a partir de lá temos de começar a ir pelas nossas próprias pernas, se assim for os parceiros vão ficar super satisfeitos e dizer São Tomé é um exemplo!.”

O ex-Ministro referiu que o contexto que estamos a viver, pós-pandemia COVID-19 e perante esta guerra da Rússia-Ucrânia, “uma guerra inútil” nas suas palavras, “que não vai parar agora, significa que tudo é bom como é mau. É mau porque estamos num país globalizado, quando bate num ponto, outro ponto sente. Mas é bom porque permite-nos abrir os olhos, onde é que nós estamos, quem somos nós, o que é que nós temos que fazer, porque São Tomé e Príncipe tem a capacidade de aguentar tudo, com apoio dos parceiros, com novas tecnologias, com a agroecologia, (…) pescas, porque a nossa riqueza está na água, tanto na água doce, como na água salgada, nós vamos chegar o dia em que este país será um paraíso atrativo onde o são-tomense não terá a vontade de emigrar e sim de fazer férias. Agradeço em meu nome pessoal e da equipa que trabalhou comigo pelo esforço dedicado ao projeto PAS – Políticas Agroalimentares Sustentáveis e espero que brevemente escute que há um PAS-II”.

Rui Vera Cruz, na qualidade de membro da AJIE – Associação São-Tomense de Jovens com Iniciativas Empresarias, associados e membros do secretariado da RESCSAN-STP, referiu que, mesmo após projeto, “podemos apoiar as microiniciativas na criação de um fundo de ajuda mútua comum para apoio a necessidades das iniciativas mais vulneráveis ou a questões de liquidez”.

Consulte o Programa AQUI

O projeto PAS – Políticas Agroalimentares Sustentáveis, que decorreu entre janeiro de 2019 e fevereiro de 2023, em São Tomé e Príncipe, foi implementado pelo IMVF, pela Associação para a Cooperação e o Desenvolvimento (ACTUAR) e pela Ação para o Desenvolvimento Agropecuário e Proteção do Ambiente (ADAPPA) e cofinanciado pela União Europeia e pelo Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I.P.